Narcisismo e biopolítica

Autores

  • Nelma Cabral Universidade Estácio de Sá - Unesa
  • Dárcia Marques Tibúrcio Universidade Estácio de Sá - Unesa

Palavras-chave:

clínica psicanalítica, narcisismo, narcisismo primário, pulsão de morte, biopolítica.

Resumo

Na clínica psicanalítica contemporânea, depressões, compulsões e automutilações mostram um predomínio do eixo narcísico sobre o eixo desejante e que tais formas de padecimento psíquico não advêm de um conflito como nas neuroses clássicas, mas de uma descarga direta do mal-estar no registro do corpo ou da ação. Entendendo que não há clínica psicanalítica sem cultura, este estudo objetivou fazer um mapeamento conceitual sobre o narcisismo na psicanálise, analisar as mutações na biopolítica e seus efeitos nos modos de subjetivações e nos sofrimentos psíquicos contemporâneos no que diz respeito ao narcisismo. Para sua realização, privilegiou-se a compreensão da relação entre narcisismo primário, responsável pelo surgimento da criança maravilhosa, e pulsão de morte e a leitura biopolítica das transformações nas estruturas familiares. Pode-se inferir que o individualismo extremo e as perturbações psíquicas na atualidade advêm da falta de representantes narcísicos primários que possibilitem ao indivíduo recorrer a eles nos momentos de desespero.

Biografia do Autor

Nelma Cabral, Universidade Estácio de Sá - Unesa

Psicanalista, Profª Titular do Curso de Psicologia da UNESA/RJ. Pesquisadora Produtividade, membro do Espaço Brasileiro de Estudos Psicanalíticos.

Dárcia Marques Tibúrcio, Universidade Estácio de Sá - Unesa

Psicóloga Clínica. Graduada em Psicologia e em Pedagogia com especialização em Psicopedagogia pela UNESA/RJ.

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Publicado

2016-06-19

Edição

Seção

Artigos