Intervenção precoce X Estimulação precoce na clínica com bebês

Autores

  • Fernanda Stange Rosi Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
  • Ariana Lucero Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

Palavras-chave:

Autismo, Intervenção Precoce, psicanálise, bebês.

Resumo

O crescimento da clínica psicanalítica com bebês provoca a articulação entre a psicanálise e vários outros saberes, mas não perde o foco da importância da detecção precoce de sinais de sofrimento que servem como entraves à constituição psíquica e da análise de sua influência direta nas alterações e atrasos do desenvolvimento. Assim, uma vez detectados esses sinais, a psicanálise destaca a necessidade de se intervir o quanto antes, assegurando o lugar dos pais no tratamento e tomando os bebês como sujeitos em constituição. Porém, as intervenções precoces, defendidas pela psicanálise, diferem sobremaneira das chamadas estimulações precoces, de modo que propomos uma discussão a respeito dos efeitos esperados e provocados por ambas, questionando o lugar do sujeito de desejo – da maior importância na clínica psicanalítica – nas terapias que têm como foco principal a estimulação, visando o restabelecimento psicomotor e a “adaptação” ao meio.

Biografia do Autor

Fernanda Stange Rosi, Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

Psicanalista. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional da UFES; bolsista da CAPES.

Ariana Lucero, Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

Psicanalista. Doutora em Psicologia. Professora colaboradora e pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional da UFES; bolsista da FAPES/CAPES.

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Publicado

2018-07-31

Edição

Seção

Artigos