Do universo infinito ao mercado ilimitado – a hipermodernidade de Jacques Lacan

Autores

  • Raquel Horta Fialho do Amaral Cougo
  • Marcus André Vieira Escola Brasileira de Psicanálise Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC/RJ

Palavras-chave:

sujeito, discurso da ciência, capitalismo, consumismo.

Resumo

O texto tenta localizar a incidência do discurso científico como agente constituinte do consumismo tal como ele se configurou na contemporaneidade. Para dar fundamento a isso, veremos que, ao determinar um real estruturado matematicamente e, portanto, decifrável matematicamente, a ciência moderna se estabelece como discurso que não concebe limitações ao saber – posição perante o real designada por Lacan “foraclusão do sujeito”. Seguiremos as indicações de que a condição pós-moderna teria suas bases neste ilimitado da ciência moderna para observarmos que, nesse ensejo, o capitalismo se oferece como congruente com a demanda ilimitada gerada pela técnica científica. O trabalho se encerra com a articulação entre dois dos atributos do consumismo – a inutilidade do que é consumido e um caráter ilimitado dessa ação – e os efeitos do discurso científico na constituição do sujeito.

Biografia do Autor

Raquel Horta Fialho do Amaral Cougo

Graduada em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense e com especialização em Psicanálise e Laço Social pela mesma instituição. Mestre em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Marcus André Vieira, Escola Brasileira de Psicanálise Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC/RJ

Psicanalista da Escola Brasileira de Psicanálise, Doutor em Psicanálise (Doctorat Nouveau Régime – Université de Paris VIII, 1996). Professor assistente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

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Publicado

2014-06-17

Edição

Seção

Artigos