Rupturas, experiências de choque e o elogio à crua e nua realidade: prenúncios do trauma no fenômeno das Bodymodifications

Autores

  • Alexandra Arnold Rodrigues Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) Centro Universitário Franciscanos do Paraná
  • Angela Maria Pires Caniato Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Palavras-chave:

trauma, modernidade, Bodymodifications, repetição compulsiva.

Resumo

Este artigo problematiza a condição traumatogênica da modernidade no que tange às experiências de choque e à paixão pelo Real tematizadas por autores como Christoph Türcke e Slavoj Zizek que, em nossa hipótese, se “encarnam” em fenômenos como das Bodymodifications. Para tanto, propõe-se um diálogo entre Psicanálise e as injunções histórico-culturais contemporâneas, munido de uma análise-interpretativa do material colhido no site www.bmezine.com. Entende-se que a economia pulsional ligada a tais práticas é correlata ao trauma e ao vício como compulsão a repetição: as feridas autoimpingidas pelos adeptos situam uma tentativa, ainda que inócua, de ligar o excesso energético. Sob uma explícita expressão do amalgama dialético entre pulsão de morte e pulsão de vida emerge o fracasso do princípio de prazer.

Biografia do Autor

Alexandra Arnold Rodrigues, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) Centro Universitário Franciscanos do Paraná

Doutoranda do Programa de pós-graduação em Memória Social na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGMS/UNIRIO) e docente do curso de graduação em psicologia da FAE – Centro Universitário Franciscanos do Paraná (Curitiba-PR).

 

Angela Maria Pires Caniato, Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP) e docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Estadual de Maringá (PPI/UEM), Membro do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

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Publicado

2014-06-17

Edição

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Artigos