Mais além do déficit intelectual: Uma perspectiva psicanalítica sobre a demência, a debilidade e a psicose

Autores

Palavras-chave:

demência, debilidade, psicose, clínica psicanalítica.

Resumo

O sintoma de déficit cognitivo muitas vezes pode fazer convergir as categorias de demência, debilidade e psicose. Historicamente, as três se confundiam em termos tais como o de “demência precoce” ou “loucuras da idade”, de Kraeplin e o de “confusão mental primitiva”, de Chaslin. À luz da psicanálise, pode-se considerar que há uma diferença importante entre as três categorias, já que a demência é uma condição que afeta a subjetividade, a debilidade é uma posição subjetiva em relação ao saber e a psicose é uma estrutura clínica, ou seja, um modo de se inscrever na linguagem. O artigo se propõe a trabalhar essas diferenças, indicando algumas perspectivas do tratamento com cada uma delas, sem desconsiderar que é a aposta clínica da singularidade como foco central o que promoveria um ponto de encontro entre elas.

Biografia do Autor

Virgínia Célia Carvalho da Silva, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutoranda e mestre em Estudos Psicanalíticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Especialista em Psicologia Clínica e Psicóloga pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Fez o Curso de Psicanálise no Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais. Atualmente, trabalha como professora subsituta da UFMG, participa do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa em Psicanálise e Educação (Nipse), da Faculdade de Educação (FAE-UFMG) e é responsável pelo Laboratório "Docentes doentes: deixe-os falar!", do Centro Interdisciplinar da Criança e do Adolescente (CIEN) de Minas Gerais. Possui experiência em Psicanálise, atuando principalmente nos seguintes temas: clínica psicanalítica, psicanálise com crianças, psicanálise e educação, fantasia, final de análise, trauma, psicose, violência e conversação.

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Publicado

2020-07-20

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Artigos