A dupla potencialidade do irrepresentável e a negatividade necessária: trauma e pulsão de morte

Autores

  • Monah Winograd Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio
  • Marianna Tamborindegui de Oliveira Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio

Palavras-chave:

irrepresentado, negatividade, repetição, pulsão de morte, trauma.

Resumo

Este artigo analisa, a partir de revisão da literatura e articulações teóricas, a dupla potencialidade do não representado, da negatividade e do vazio psíquico, os quais, ao mesmo tempo que apontam para um limite do aparelho psíquico, o lançam para o trabalho, contribuindo para a constituição e diferenciação da subjetividade. Entendemos que o que é tomado pelo psiquismo, em um primeiro momento, como um obstáculo, impassível de digestão mental, em um segundo momento, pode se tornar motor de criação que gerará um novo limite. Essa concepção pode ser deduzida do próprio modo de funcionamento do psiquismo: se, de um lado, pode haver um limite circunstancial de processamento da estimulação endógena e exógena que alcança o aparelho psíquico, de outro lado, através do mecanismo de compulsão à repetição, por exemplo, o esforço do processamento psíquico opera de forma interminável. Os diferentes modelos a partir dos quais o conceito de trauma pode ser pensado servirão de fio condutor para analisar os efeitos e os destinos psíquicos do irrepresentado, bem como para articular essas ideias com os conceitos de repetição e pulsão de morte.

Biografia do Autor

Monah Winograd, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio

Psicanalista, doutora em Teoria Psicanalítica (UFRJ),professora associada do PPG em Psicologia Clínica da PUC-Rio, vice-decana de Pós-graduação e Pesquisa do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio.

Marianna Tamborindegui de Oliveira, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio

Psicanalista. Mestre em Psicologia Clínica/ PUC-Rio

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Publicado

2019-05-02

Edição

Seção

Dossiê