Entre as amizades perfeitas e virtuais, o sujeito adolescente

Autores

  • Samara Sousa Diniz Soares
  • Márcia Stengel Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas

Palavras-chave:

amizade, laço social, virtualidade, Facebook, adolescentes.

Resumo

Sustentado na articulação contemporânea entre amizade e virtualidade, evidenciada por meio da apropriação pelo Facebook do termo amigo para se referir ao usuário que possui uma conta em seu website, este artigo tem como objetivo apresentar algumas mudanças ocorridas na forma de iniciar, manter e romper relações de amizade criadas ou potencializadas pelas novas tecnologias de informação e comunicação (TIC), bem como demonstrar o papel basilar da figura adolescente propriamente dita e/ou de seus ideais na introdução e propagação dessas transformações na medida em que ele se torna o representante do sujeito contemporâneo às voltas com o laço social. A Netnografia foi utilizada como ferramenta metodológica para chegar às comunidades do Facebook que fizeram parte do corpus empírico e que foram analisadas com o suporte teórico da Psicanálise e das Ciências Sociais e Humanas. Esse percurso teórico-empírico revelou que as relações amicais atuais estão passando por processos de mudança na medida em que os laços sociais sob o discurso da perfeição estão perdendo espaço para as amizades virtualizadas calcadas na liberdade, representada de forma máxima na figura adolescente. Tais mudanças são vivenciadas pelo “sujeito adolescente contemporâneo”, mesmo que cronologicamente não pertença a essa faixa etária.

Biografia do Autor

Samara Sousa Diniz Soares

Mestre em Psicologia e Psicóloga pela PUC Minas. Professora universitária e de curso profissionalizante.

Márcia Stengel, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas

Professora da Faculdade de Psicologia e do Programa de Pós-graduação de Psicologia da PUC Minas, Psicóloga, doutora em Ciências Sociais pela UERJ, Pós-doutora em Educação pela UFMG, Mestre em Psicologia Social pela UFMG. Membro do Conselho de Ética em Pesquisa da PUC Minas e do Conselho Editorial da Editora PUC Minas.

Referências

Aristóteles (2012). Ética a Nicômaco: texto integral. (6ª ed.). São Paulo: Martin Claret.

Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70.

Bauman, Z. (2004). Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Zahar.

Bauman, Z. (2013). 3 minutos com Bauman: as amizades do Facebook. Sociedade Paulista de Psicanálise. São Paulo. Recuperado em 23 mai. 2017 de <https://www.psicologiasdobrasil.com.br/3-minutos-com-bauman-as-amizades-do-facebook/>.

Braga, A. (2006). Técnica etnográfica aplicada à comunicação online: uma discussão metodológica. UNIrevista, 1(3).

Calligaris, C. (2000). A adolescência. Publifolha: São Paulo.

Cícero, M. T. (2006). A amizade: texto integral. São Paulo: Escala.

Cardoso, C. O. M., Souza, J. M. P., & Calazans, R. A tecnologia como recurso: perspectivas psicanalíticas. In P. Melgaço, V. C. Dias, J. M. P. Souza, & J. O. Moreira (Orgs.). Como a tecnologia muda o meu mundo: imagens da juventude na era digital, (p. 141-154), Curitiba: Appris.

Coutinho, L. G. (2009). Adolescência e errância: destinos do laço social no contemporâneo. Rio de Janeiro: NAU: FAPERJ.

Fragoso, S., Recuero, R., & Amaral, A. (2011). Métodos de pesquisa para internet. Porto Alegre: Sulina.

Freud, S. (1996). Psicologia de grupo e a análise do ego. In S. Freud [Autor], Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, v. XVIII. Rio de Janeiro: Imago. (Original publicado em 1921)

Ionta, M. A. (2010). Amizades líquidas: considerações sobre os elos (inter)subjetivos nos weblogs. Fênix Revista de História e Estudos Culturais, 7(2), 1-16.

Kehl, M. R. (2004). A juventude como sintoma da cultura. In R. Novaes, & P. Vannuchi (Orgs.). Juventude e sociedade: trabalho, educação, cultura e participação (p. 44-55). São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo.

Kehl, M. A. (2008). A fratria órfã: conversas sobre a juventude. São Paulo: Editora Olhos D’Água.

Kozinets, R. (2014). Netnografia: realizando pesquisa etnográfica online. Porto Alegre: Penso.

Lacan, J. (1969-1970/1992). O seminário, livro 17: o avesso da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar. (Seminário original de 1969-1970)

Le Breton, D. (2017a). Adolescência e comunicação. In N. L. Lima, M. Stengel, V. C. Dias, & M. R., Nobre. (Orgs.). Juventude e cultura digital: diálogos interdisciplinares (p. 15-31). Belo Horizonte: Artesã.

Le Breton, D. (2017b). Uma breve história da adolescência. Belo Horizonte: Editora PUC.

Lesourd, S. (2012). Adolescentes difíceis ou dificuldades da cultura? In R. Gurski, M. D. Rosa, M. D., & M. C. POLI. (Orgs.). Debates sobre a adolescência contemporânea e o laço social (p. 17-38). Curitiba: Juruá.

Lima, N. L. (2014). A escrita virtual na adolescência: uma leitura psicanalítica. Belo Horizonte: Editora UFMG.

Lima, L. V. (2015). Os mendigos de likes. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil.

Lima, N. L. (2017). A internet muda tudo! In P. Melgaço, V. C. Dias, J. M. P. Souza, & J. O. Moreira. (Orgs.). Como a tecnologia muda o meu mundo: imagens da juventude na era digital (p. 79-87). Curitiba: Appris.

Maffesoli, M. (1998). O tempo das tribos: o declínio do individualismo nas sociedades de massa. Rio de Janeiro: Forense Universitária.

Mizoguchi, D. H. (2013). Amizades contemporâneas: inconclusas modulações de nós. Tese de Doutorado, Universidade Federal Fluminense, Niterói, Rio de Janeiro, Brasil.

Montaigne, M. E. (1980). Ensaios. (2ª ed). São Paulo: Abril Cultural.

Nietzsche, F. W. (2009). Assim falava Zaratustra: um livro para todos e para ninguém. São Paulo: Escala.

Ortega, F. (1999). Amizade e estética da existência em Foucault. Rio de Janeiro: Graal.

Ortega, F. (2002). Genealogias da amizade. São Paulo: Iluminuras.

Primo, A. (2014). Industrialização da amizade e a economia do curtir. In L. Oliveira, & V. Baldi. (Orgs.). A Insustentável leveza da web: retóricas, dissonâncias e práticas na sociedade em rede (p. 109-130). Salvador: EDUFBA.

Primo, A. (2016). E se Aristóteles usasse o Facebook? Uma genealogia da amizade. Rumores, 20(10), 46-67.

Primo, A., Valiati, V., Barros, L., & Lupinacci, L. (2017). Conversações fluidas na cibercultura. Famecos, 24(1).

Quinet, A. (2006). Psicose e laço social: esquizofrenia, paranoia e melancolia. Rio de Janeiro: Zahar.

Rezende, C. B. (2002). Os significados da amizade: duas visões de pessoa e sociedade. Rio de Janeiro: FGV.

Soares, S. S. D. (2018). As faces da amizade no Facebook: semblantes da sociabilidade contemporânea. Dissertação de mestrado, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Turkle, S. (2011). Alone together: why we expect more from technology and less from each other. New York: Basic Books.

Vincent-Buffault, A. (1996). Da amizade: uma história do exercício da amizade nos séculos XVIII e XIX. Rio de Janeiro: Zahar.

Viola, D. T. D. (2017). O saber à flor da pele: três ensaios psicanalíticos sobre a adolescência. Bragança Paulista, SP: Margem da Palavra.

Downloads

Publicado

2019-12-02

Edição

Seção

Artigos