É chegado o embate do século... XIX. Desejo versus nada, ou Freud, potência e vontade
Palavras-chave:
desejo, nada, inconsciente, niilismo, clínicaResumo
Trata-se de “alocar uma questão” entre duas categorias aparentemente antagônicas provindas da filosofia e da psicanálise, tendo em vista a possibilidade de extrair consequências teóricas signicativas para o campo da clínica da depressão e dos transtornos alimentares. Sendo assim, o ensaio visa perguntar: 1) se a psicanálise freudiana recuaria diante de uma “entropia niilista”, isto é, da irresistível apetência para o “nada da vontade” tal como proposta por autores do porte de Nietzsche e Schopenhauer; 2) Se seria possível ou exageradamente paradoxal esboçar uma prática analítica a partir destas premissas, ou, do contrário, 3) se se concluir que a psicanálise investe em Eros em função de sua virtude originalmente terapêutica, o que restaria em termos de uma injunção niilismo-psicanálise? Como, enfim, seria possível articular uma fricção crítica entre a clínica psicanalítica e o conhecimento trágico?
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