Compulsão à ocupação: uma face mortífera da contemporaneidade

Autores

  • Camila Peixoto Farias Psicologia da Universidade Federal de Pelotas - UFPEL Associação Nacional de Pós-graduação em Psicologia - ANPEPP
  • Renata Mello Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio

Palavras-chave:

trauma, narcisismo, clivagem, compulsão à ocupação, psicanálise.

Resumo

O objetivo deste artigo é investigar o circuito compulsivo de ocupação em que muitos sujeitos se encontram aprisionados na contemporaneidade. Partimos do pressuposto de que a aceleração e o excesso de atividades podem adquirir caráter patológico. Quando isso ocorre, essas manifestações nos parecem ligadas às problemáticas do trauma e do narcisismo. Examinamos, inicialmente, a constituição psíquica no âmbito do traumático, destacando as repercussões narcísicas diante da fragilidade dos investimentos objetais. Nesse sentido, articulamos a constituição narcísica de base traumática e o circuito mortífero subjacente à compulsão à ocupação. Em seguida, nos detemos no funcionamento psíquico do sujeito, sob o impacto traumático, alicerçado na clivagem e na busca pela sobrevivência através da ocupação compulsiva. Entendemos que a compulsão à ocupação e o cansaço extremo que ela engendra revelam um modo de sobrevivência psíquica baseado na descarga, na anestesia e no vazio afetivo. Esses casos nos alertam para a importância do olhar e do cuidado de um outro para que o sujeito possa se ocupar de si mesmo, para que possa viver e não apenas ocupar-se compulsivamente.

Biografia do Autor

Camila Peixoto Farias, Psicologia da Universidade Federal de Pelotas - UFPEL Associação Nacional de Pós-graduação em Psicologia - ANPEPP

* Psicanalista; Professora Adjunta do curso de Psicologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL); Mestre e Doutora em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Coordenadora do Pulsional – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicanálise; Membro do Grupo de Trabalho: Psicanálise, subjetivação e cultura contemporânea – da Associação Nacional de Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP).

Renata Mello, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio

** Psicóloga clínica e psicanalista; Doutora em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGTP/UFRJ), com período sanduíche na Université Paris Diderot; Pós-doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio); pesquisadora do Laboratório de Estudos em Família e Casal (LEFaC/PUC-Rio); membro do Grupo Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi (GBPSF).

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Publicado

2020-12-14

Edição

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Artigos