O objeto que se deixa apagar: a função do negativo na constituição psíquica

Autores

  • Natália De Toni Guimarães dos Santos Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ)
  • Silvia Maria Abu-Jamra Zornig Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ)

Palavras-chave:

terceiridade, cena primária, trabalho do negativo, constituição psíquica.

Resumo

Este trabalho se propõe pensar a função do objeto primordial na constituição psíquica a partir da obra de André Green. Distanciando-se do modelo pós-freudiano anglo-saxão, que dá às relações de objeto e à díade mãe-bebê um lugar primordial na fundação do aparelho psíquico, Green aposta na potência da criação de um novo modelo teórico-clínico contemporâneo que empreenda uma costura fecunda entre a perspectiva relacional e a pulsionalidade, partindo da noção de terceiridade como matriz fundadora do psiquismo. O pai se inscreve, desde sempre, na relação mãe-bebê, como figura de ausência, ao ocupar um lugar na mente e no desejo da mãe, configurando uma triangulação primordial. A função materna, assim, ao comportar em si a marca do pai enquanto processualidade, atua não só no registro da presença, mas também como negatividade estruturante, imprescindível para que a mãe se torne um objeto que se deixa apagar.

Biografia do Autor

Natália De Toni Guimarães dos Santos, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ)

Doutoranda em Psicologia Clínica na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Silvia Maria Abu-Jamra Zornig, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ)

Docente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

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Publicado

2015-12-13

Edição

Seção

Artigos