O ato infracional como ato anti-hamletiano de adolescentes sob condição de indignação e revolta

Autores

  • Cássio Eduardo Soares Miranda Universidade Federal do Piauí (UFPI)
  • Marcelo Ricardo Pereira Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Palavras-chave:

adolescência, indignação, revolta, desinserção social, ato infracional.

Resumo

Partindo da noção de indignação e revolta, com base nas análises freudo-lacanianas de Hamlet, de Shakespeare, este ensaio discute a relação entre desinserção social e ato infracional de adolescentes em conflito com a lei. Para isso, remonta ao conceito de adolescência e de desorientação simbólica para analisar como esses sujeitos, à diferença do personagem shakespeariano, são impelidos a agir mediante a revolta, mesmo que seu ato possa levá-los ao pior. Por meio do caso José, conclui mostrando alguma saída possível para adolescentes criminais que não se reduza nem à paralisia neurótica nem ao ato não dialetizável.

Biografia do Autor

Cássio Eduardo Soares Miranda, Universidade Federal do Piauí (UFPI)

Pós-doutor em Psicologia, Psicanálise e Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, do Mestrado Profissional Saúde da Família e da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

Marcelo Ricardo Pereira, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Pós-doutorado em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em Educação Social pela Universitat Oberta de Catalunya (UOC). Professor do Programa de Pós-Graduação e da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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Publicado

2020-12-23

Edição

Seção

Dossiê - Psicanálise e Educação em tempos de incerteza