Freud maçom: a sua loja Wien não seria de fato sua splendid isolation?

Autores

  • Francisco Martins

Palavras-chave:

psicanálise, maçonaria, judaísmo.

Resumo

A investigação aqui encetada busca mostrar a importante relação de Freud e suas teorias com a maçonaria judia intitulada B’naï B’rith (Os Filhos da Aliança). Elucidamos inicialmente aquilo que levou Freud se filiar à Irmandade: o antissemitismo em voga no Império Austro-húngaro. A história da criação da B’naï B’rith é apresentada e aponta-se sua origem na maçonaria norte-americana, com ajustes para a comunidade judia. A iniciação de Freud na Loja Wien é explicitada através das próprias palavras de Freud. O criador da Psicanálise não foi um mero membro da Irmandade. Seu engajamento com a Loja foi completo, contribuindo tanto intelectualmente como na administração. Apresentamos a lista comentada dos trabalhos de Freud proferidos em Loja. Uma via de mão dupla entramos: Freud influenciando a Loja e esta a Freud. A Psicanálise até 1907 era um assunto principalmente judaico. Isto evidencia o apoio a Freud da BB e a importância desta para a constituição da Psicanálise como teoria, instituição e movimento. A metáfora da splendid isolation da biografia oficial de Freud merece ser reinterpretada, levando-se em conta que o esplêndido para Freud na época era somente a Loja, onde era apoiado e reconhecido. Fora de Loja vivia um ostracismo profissional. Insistimos na conclusão de que Freud nunca se desconectou desta Irmandade nem do pensar judaico.

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Publicado

2014-12-19

Edição

Seção

Artigos