Pode a transexualidade operar como amarração nodal do sujeito?

Autores

  • Vinícius Moreira Lima Universidade Federal de Minas Gerais
  • Ângela Maria Resende Vorcaro Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Association Lacanienne Internationale (ALI)

Palavras-chave:

Transexualidade, identidade de gênero, amarração, sujeito.

Resumo

Neste trabalho, abordamos os relatos autobiográficos escritos em redes sociais por Daniela Andrade, mulher transexual e militante, a fim de extrair o que ela pode nos ensinar acerca da transexualidade como possibilidade de amarração nodal do sujeito. Partindo da forma como ela organiza discursivamente sua experiência, recorrendo à distinção entre identidade de gênero, papel de gênero, anatomia e orientação sexual, levantaremos a hipótese de que tal diferenciação lhe permite fazer-se um nome próprio (“Daniela Andrade”) ao eleger, no Simbólico, o significante “mulher trans”, que passa a representá-la frente ao Outro. Assim, pela via de uma nominação simbólica, Daniela alcança uma forma de operar a reescrita de seu gozo pela invenção singular de um nome próprio, ao rasurar seu nome e encontrar uma solução sinthomática transexual no campo do Simbólico, corrigindo o lapso nodal entre o imaginário do desejo do Outro, que almejava uma filha, e o real opaco de seu corpo, marcado pela presença do pênis.

Biografia do Autor

Vinícius Moreira Lima, Universidade Federal de Minas Gerais

Graduando em Psicologia pela UFMG (2015-2019), pesquisador na área de Psicanálise e teoria queer, bolsista de iniciação científica pelo PIBIC-CNPq.

Ângela Maria Resende Vorcaro, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Association Lacanienne Internationale (ALI)

Psicanalista, membro da Association Lacanienne Internationale, Doutora em Psicologia Clínica (PUCSP), Professora do Departamento de Psicologia da FAFICH/UFMG.

Referências

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Publicado

2019-08-14

Como Citar

Lima, V. M., & Vorcaro, Ângela M. R. (2019). Pode a transexualidade operar como amarração nodal do sujeito?. Revista Tempo Psicanalítico, 51(1), 75–95. Recuperado de https://www.tempopsicanalitico.com.br/tempopsicanalitico/article/view/263

Edição

Seção

Artigos