Reflexões sobre a compulsão à repetição a partir de correlações com o mito de Sísifo

Autores

  • Ana Flávia Cicero Conde Universidade Estadual de Maringá - UEM Faculdade Fatecie de Paranavaí Centro Universitário Metropolitano de Maringá – Unifamma
  • Paulo José da Costa Universidade Estadual de Maringá - UEM

Palavras-chave:

compulsão à repetição, Sísifo, psicanálise.

Resumo

Este artigo objetiva investigar o conceito de compulsão à repetição na obra freudiana, com o intuito de trazer clarificações para a complexidade que o envolve. O método empregado foi a pesquisa teórica sobre psicanálise, sendo que foi utilizado o mito de Sísifo para fazer correlações com o conceito estudado, porque nele foram encontrados modelos de comportamentos repetitivos e a mitologia sempre se mostra como uma fonte rica de reflexões sobre o humano. Foram correlacionados três momentos presentes na dinâmica da compulsão à repetição com outros três encontrados no mito de Sísifo por possuírem elementos comuns que descrevem, num primeiro momento, transgressões e excessos; num segundo, repetições compulsivas e inexoráveis; e, por fim, num terceiro, possibilidades de restauração da ordem e redenção. Assim, chegou-se a considerações acerca da compulsão à repetição que a descrevem como um mecanismo associado ao encontro do psiquismo com o excessivo, desligado e traumático.

Biografia do Autor

Ana Flávia Cicero Conde, Universidade Estadual de Maringá - UEM Faculdade Fatecie de Paranavaí Centro Universitário Metropolitano de Maringá – Unifamma

Mestre e doutoranda em psicologia pela Universidade Estadual de Maringá, professora da Faculdade Fatecie de Paranavaí e do Centro Universitário Metropolitano de Maringá – Unifamma.

Paulo José da Costa, Universidade Estadual de Maringá - UEM

Doutor em Psicologia Clínica pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, professor do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Estadual de Maringá, coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Psicanálise e Desenvolvimento Humano – CNPq/UEM.

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Publicado

2019-12-02

Edição

Seção

Artigos