Destinos do vínculo e dos afetos no mal estar contemporâneo. O modelo da depressão
Palavras-chave:
discurso capitalista, depressão, subjetividade, afeto.Resumo
Partimos da constatação de que o mal-estar atual se sustenta no discurso capitalista, discurso que apresenta a particularidade de não se confinar em um impossível simbolizável, mas de girar em círculos, instituindo assim uma máquina infernal que cria, ao mesmo tempo, o desespero e a mercadoria para consolá-lo. O apelo controlado ao desespero que curto-circuita a temporalidade do humano no mundo contemporâneo tem sido denominado de depressão. Propomos a hipótese segundo a qual a homogeneização dos afetos do humano que está na base dessa depressão promulgada pela classificação do DSM e a política sanitária neoliberal representam de maneira paradigmática as coordenadas do mal-estar contemporâneo. Dessa forma, o “todos deprimidos!” é uma nova forma de proletarização das subjetividades que, por um lado, consome o vínculo social e, por outro, ignora que, afetado pela linguagem, o sujeito está condenado a uma insatisfação generalizada.Referências
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