Psicanálise: lugar de fala e lugar de escuta
Palavras-chave:
psicanálise, lugar de fala, lugar de escutaResumo
Este artigo propõe-se a trabalhar a ideia de “lugar de fala” e suas potenciais aplicações ao campo psicanalítico, derivando, a partir dele, o conceito de “lugar de escuta”. Para tanto, iniciamos com um percorrido pelo conceito de lugar de fala proposto por Djamila Ribeiro. A seguir, buscamos dialogar tal formulação aos aportes teóricos de Lélia Gonzalez e Jacques Lacan, tomando os esquemas quadrípodes como guia de reflexão. Por fim, elabora-se a conceituação de lugar de fala e lugar de escuta em psicanálise, com a compreensão de que o lugar de fala convoca o analista a examinar sua própria localização social, além de toda a cadeia de representatividade que carrega consigo, com histórias e vivências que se conectam e reverberam em sua prática. Como desdobramento do conceito de lugar de fala elaboramos que a noção lugar de escuta psicanalítico envolve a promoção do desejo de narratividade. Conclui-se que lugar de fala e lugar de escuta em psicanálise são posições dialéticas, relacionadas e intercambiantes no processo de análise.
Referências
AMBRA, P. (2019). O lugar e a fala: a psicanálise contra o racismo em Lélia Gonzalez. Sig Revista de Psicanálise. (p. 85-101). Porto Alegre.
COLLINS, P. H. (2016). Aprendendo com a outsider within: a significação sociológica do pensamento feminista negro. Revista Sociedade e Estado, 1(31), 99-127.
D’AGORD, M. R. (2009). As estruturas do discurso: o uso do esquema L em psicopatologia. Latin American Journal of Fundamental Psychopathology Online, 1(6), 87-100.
D’AGORD, M. R. (2013). Do grafo do desejo aos quatro discursos de Lacan. Psicologia USP, São Paulo, 24(3), 431-451.
DUNKER, C. (2019). A psicanálise nos espaços públicos. In BROIDE, J. e Katz, I. (Orgs.) Psicanálise nos espaços públicos. (p. 10-21). São Paulo: IP/USP.
FREUD, S. (1912/2010). A dinâmica da transferência. In Sigmund Freud Obras Completas. (Vol. X). São Paulo: Companhia das Letras.
FREUD, S. (1914/2010). Recordar, repetir e elaborar. In Sigmund Freud Obras Completas. (Vol. X). São Paulo: Companhia das Letras.
FREUD, S. (1925/1976). Prefácio à juventude desorientada de Aichhorn. In Sigmund Freud Obras Completas. (Vol. XIV). Rio de Janeiro: Imago.
GONZALEZ, L. (1984). Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje. Anpocs, 223-244.
GONZALEZ, L. (1988). A categoria político-cultura de amefricanidade. Tempo brasileiro. Rio de Janeiro, 92/93, 69-81.
HARTSOCK, N. (1983/2019). The feminist standpoint revisited and other essays. Nova Iorque: Routledge.
JAKOBSON, R. (1969). Linguística e comunicação. São Paulo: Editora Cultrix.
LACAN, J. (1953-54/1986). O seminário, livro 1: Os escritos técnicos de Freud. Rio de Janeiro: Zahar.
LACAN, J. (1954-55/2010). O seminário, livro 2: O eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
LACAN, J. (1956/1998). O seminário sobre “A carta roubada”. In Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
LACAN, J. (1960-61/1992). O seminário, livro 8: A transferência. Rio de Janeiro: Zahar.
LACAN, J. (1964/2008). O seminário, livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar.
LACAN, J. (1965/1998). A ciência e a verdade. In Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
LACAN, J. (1966/1988). O Seminário, livro 3: As psicoses. Rio de Janeiro: Zahar.
LACAN, J. (1969-70/1992). O Seminário, livro 17: O avesso da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar.
MEDEIROS, R. H. (2016). Residência integrada em cenas: ensaios críticos acerca da formação do profissional em saúde. Porto Alegre: Rede UNIDA.
MILLER, J.-A. (1974/1996). Teoria d’alíngua (rudimento). In Miller, J.-A. Matemas 1. (p. 55-72). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
POE, E. A. (1844/2017). Histórias Extraordinárias. Companhia das Letras: São Paulo.
QUEIROZ, L. A. V. (2016). Freud enovelado. Anais da Jornada “A escrita de casos clínicos”. (p. 14-25). Campinas: Tykhe Associação de Psicanálise.
RIBEIRO, D. (2021). Lugar de fala. São Paulo: Editora Jandaíra.