A contratransferência como dispositivo vivo na clínica dos funcionamentos limites

Autores

  • Renata Arouca de Oliveira Morais Sociedade de Psicanálise de Brasília - SPBsbUNICEUB - Pós graduação em Teoria Psicanalítica
  • Deise Matos do Amparo Universidade de Brasília
  • Ana Clara de Oliveira Alves Universidade de Brasília

Palavras-chave:

contratransferência, transferência, dispositivo, funcionamentos limites

Resumo

Neste artigo abordamos o tema dos casos-limite e as especificidades dessa clínica para, em seguida, apresentarmos um caso clínico que permite discutir as questões sobre a técnica e a contratransferência. Ao se considerar essa outra cena como dispositivo vivo do analista, refletimos sobre a necessidade de adaptações no setting e da manutenção da capacidade de pensar do analista para conter a destrutividade apresentada por tais pacientes. A análise ocorre, então, como um espaço para construir o que não foi representado ou o nunca vivido, ao construir possibilidades da realização da alteridade e do desenvolvimento da função simbólica.  Esta clínica demanda do analista disponibilidade, abertura, presença, apoio, receptividade, capacidade de “conter”, de receber em depósito e de simbolizar ali onde o outro ainda não consegue fazê-lo, nisso reside uma grande parte das condições de trabalho. Nesse sentido, o trabalho clínico requer do analista, além de sua capacidade de pensar e sonhar, sua capacidade de estar com o outro de forma afetiva. Trabalho que convoca ter empatia, paciência, capacidade de espera, em função de lidar com pacientes mais sensíveis e ter a capacidade de enlouquecer junto, ao entrar em sintonia com eles no momento da sessão.

Biografia do Autor

Renata Arouca de Oliveira Morais, Sociedade de Psicanálise de Brasília - SPBsbUNICEUB - Pós graduação em Teoria Psicanalítica

Psicanalista e Professora do curso de Pós graduação em teoria psicanalítica do UNICEUB, Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura – Universidade de Brasília, Pòs- Doutora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura – Universidade de Brasília, membro do Instituto de Psicanálise de Brasília “Virginia Bicudo” filiada à FEBRAPSI – Federação Brasileira de Psicanálise e IPA - International Psychoanalytic Association

Deise Matos do Amparo, Universidade de Brasília

Professora Departamento de Psicologia clínica, Universidade de Brasília

Ana Clara de Oliveira Alves, Universidade de Brasília

Mestre em Psicologia Clínica Universidade de Brasília

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Publicado

2024-10-24

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Artigos