Trauma infantil e violência crônica contra a mulher: um olhar à luz da psicanálise winnicottiana

Autores

Resumo

Face ao alarmante aumento no índice de violência conjugal dos últimos anos e às dificuldades existentes para o rompimento do ciclo revitimizatório, que pode ter sua origem na tenra idade, este artigo tem o objetivo de investigar a psicodinâmica da mulher vítima de traumas infantis e de violência crônica pelo parceiro íntimo. Esse é um estudo qualitativo, de caráter exploratório-descritivo, que adota como base a teoria winnicottina do desenvolvimento emocional. Discute-se o material oriundo de entrevistas semidirigidas realizadas com três mulheres heterossexuais, com filhos e em relacionamento duradouro com seus companheiros, além dos dados obtidos no Questionário Sobre Traumas na Infância (QUESI) e do Instrumento WHO VAW STUDY sobre violência de gênero. Os resultados demonstram que experiências traumáticas na infância contribuem para a permanência da mulher em um relacionamento abusivo, fenômeno que pode estar relacionado à busca de si-mesmo que é procurada no ambiente e nas relações interpessoais. Os pressupostos psicanalíticos de Winnicott e autores correlatos apoiam esse achado e lançam luz sobre os fenômenos analisados, contribuindo para a clínica do trauma e para o entendimento da etiologia das modalidades patológicas de relação e da psicodinâmica da mulher vítima de violência.

Palavras-chave: Trauma infantil; violência contra mulher; violência por parceiro íntimo; Winnicott.

Biografia do Autor

Omar Moreira Del Bianco, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP)

Psicólogo Clínico. Possui graduação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo- PUCSP (2014) e Mestrado em Psicologia Clínica (Núcleo Psicossomática e Psicologia Hospitalar) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUCSP (2020). 

Denise Gimenez Ramos , Pontifícia Universidade Católica de São Paulo- PUCSP

Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1971). Ganhou bolsa Fullbright, fez mestrado em Clinical Psychology - New School University (1978) e doutorado em Psicologia (Psicologia Clínica) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1993). Atualmente é professora titular do Programa de Estudos Pós Graduados em Psicologia Clínica da PUCSP, onde coordena o Núcleo de Estudos Junguianos. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Clínica, atuando principalmente nas seguintes áreas: psicossomática, psicologia analítica, complexos culturais como base de patologias sociais, em especial preconceito, corrupção e violência contra a mulher.

Rosa Maria Tosta , Pontifícia Universidade Católica de São Paulo- PUCSP

Professora associada do Departamento de Psicologia do Desenvolvimento Humano da Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde da PUC /SP. Docente da graduação e do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica, no Núcleo de Método Psicanalítico e Formações da Cultura, da PUC/SP. Especialista em Psicologia Clínica e Psicologia Hospitalar. Possui doutorado e mestrado em Psicologia (Psicologia Clínica). Psicoterapeuta e supervisora na clínica da PUC/SP e em consultório particular. Membro fundador do Centro de Estudos e Pesquisa em Psicologia Clínica "Laboratório de Estudos da Intersubjetividade e Psicanálise Contemporânea - IPUSP e PUC-SP - LIPSIC"; Membro do "Espaço Potencial Winnicott" do Instituto Sedes Sapientiae-SP. 

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Publicado

2024-10-24

Edição

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Artigos