Alargando a escuta: Revisitando a clínica face a uma cultura em transformação
DOI:
https://doi.org/10.71101/rtp.57.930Resumo
RESUMO
A revisão do pensamento psicanalítico, em maior ou menor grau, sempre acompanhou o processo de seu desenvolvimento. Inúmeros conceitos não poderiam ser produzidos se não ocorresse uma problematização sistemática de sua prática e dos pilares que os balizam. Todavia, ainda hoje, persiste uma série de anacronismos que se configuram como obstáculos poderosos para a construção de um pensamento psicanalítico mais vivo e atual. Pretendo aqui esboçar uma teorização que porte um sentido mais estreito com os fenômenos coletivos contemporâneos, cuja tônica é uma cultura em radical transformação. Meu ponto de partida será o conceito de traumático, com o objetivo de fazer-lhe um recorte e articulá-lo com certos fenômenos da cultura. Entendo que o traumático pode ser tomado como uma espécie de índice para algo que ocorre na sociedade, constituindo-se como uma modalidade de reação frente a ela. Assim, quero ressaltar a dimensão traumática não só como uma expressão do sofrimento psíquico (marcado pela dimensão do transbordamento e do excesso), mas como uma espécie de índice a denunciar a violência de inúmeros imperativos sociais, responsáveis pela produção de efeitos deletérios na vida psíquica.
Palavras-chave: Desmentido, traumático, violência.