Tempo Psicanalítico https://tempopsicanalitico.com.br/tempopsicanalitico <div> <p><strong>Linha editorial</strong></p> <p>Tempo Psicanalítico é um periódico científico semestral da SPID-Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle. Seu objetivo é publicar investigações/desenvolvimentos teóricos, relatos de pesquisa, debates, entrevistas e resenhas que contenham análises, críticas e reflexões sobre temas, fatos e questões a partir do referencial psicanalítico. Publica também artigos voltados à interlocução entre a psicanálise e outros campos do saber, como a filosofia e as ciências sociais, igualmente dedicados ao pensamento sobre a sociedade e a cultura. As propostas para publicação devem ser originais, não tendo sido publicadas em qualquer outro veículo do país. Publicam-se artigos em quatro línguas: português, espanhol, inglês e francês.</p> <p> </p> <p><strong>Editorial line </strong></p> <p> </p> <p>Tempo Psicanalítico is a biannual journal of SPID-Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle. Our goal is to publish research / theoretical developments, research reports, debates, interviews and reviews that contain analyzes, critiques and reflections on issues, events and issues from psychoanalysis. It also publishes articles focused on the dialogue between psychoanalysis and other fields of knowledge, such as philosophy and social sciences, also dedicated to thinking about society and culture. Proposals for publication must be original and has not been published in any other vehicle in the country. Articles are published in four languages: portuguese, spanish, english and french.</p> </div> Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle pt-BR Tempo Psicanalítico 0101-4838 Como se inicia o tratamento psicanalítico? Algumas considerações freudianas sobre a construção da hipótese diagnóstica https://tempopsicanalitico.com.br/tempopsicanalitico/article/view/785 <p>Este artigo foi produzido no âmbito de uma pesquisa de mestrado, cujo objetivo era investigar a especificidade da orientação psicanalítica no início do tratamento, com ênfase no trabalho de formulação de hipóteses diagnósticas. Parte da constatação de que é um desafio para o supervisor e para o analista em treinamento transmitir e apropriar-se, respecitivamente, das ferramentas conceituais que permitam distinguir neurose obsessiva e melancolia, tendo em vista que a direção a dar ao tramento não é a mesma na neurose e na psicose. O risco de desencadeamentos e passagens ao ato cerca o ato analítico quando as entrevistas preliminares no início do tratamento não são levadas suficientemente a sério. Para avançarmos nesta precaução clínica, abordamos sistematicamente as distinções entre os quadros clínicos de luto e de melancolia, bem como o diagnóstico diferencial entre neurose obsessiva e melancolia, destacando a atualidade de estados melancoliformes em casos de neurose e psicose que conduzem à dúvida diagnóstica.</p> Angelo Márcio Valle da Costa Flavia Lana Garcia de Oliveira Tania Coelho dos Santos Copyright (c) 2024 2024-01-17 2024-01-17 56 6 27 Experiência com crianças e educadores em uma Comunidade de Aprendizagem suficientemente boa: contribuições de D. W. Winnicott https://tempopsicanalitico.com.br/tempopsicanalitico/article/view/573 <p>Este relato de pesquisa objetivou compreender a experiência com crianças e seus educadores na Escola Classe Comunidade de Aprendizagem do Paranoá (CAP), situada em uma Região Administrativa do Distrito Federal (DF). A fundamentação teórica ancora-se na relação entre psicanálise e educação, principalmente nas obras winnicottianas. A pesquisa é qualitativa, com base no método psicanalítico para construção e análise das informações. Os participantes foram 16 crianças (sete meninos e nove meninas) – com idades entre oito e 12 anos – do Núcleo de Projeto/Consolidação da Alfabetização, o que inclui o 3º, 4º e 5º anos do Ensino Fundamental; e 14 educadores (12 mulheres e dois homens) – com idades entre 24 e 48 anos. Utilizamos os seguintes procedimentos: observação participante, oficinas lúdicas e roda de conversa. Ressaltamos, nesse trabalho, as vivências nas observações participantes, em uma roda de conversa com educadores e na última oficina lúdica com um grupo de crianças e sua educadora. Como resultados e discussão, trazemos a experiência desses sujeitos, por meio da utilização da fotografia, da fala e da brincadeira, o que evidenciou que a CAP está sendo um ambiente suficientemente bom. Existem grandes desafios no processo reflexivo das ações cotidianas, assim como existe uma construção rotineira de uma educação com sentido, que permite chances de desenvolvimento, de forma respeitosa, transformadora e acolhedora.</p> Taísa Resende Sousa Regina Lúcia Sucupira Pedroza Fátima Lucília Vidal Rodrigues Copyright (c) 2024 Tempo Psicanalítico 2024-01-17 2024-01-17 56 28 48 Conversar sobre família: transferência e psicose https://tempopsicanalitico.com.br/tempopsicanalitico/article/view/552 <p class="p1">Este trabalho se inscreve numa investigação sobre a produção de efeitos terapêuticos rápidos na psicanálise aplicada à saúde. Interrogamos os princípios dessa prática, a partir da noção de transferência como motor da clínica psicanalítica. Construíndo um estudo de caso de melancolia atendido no Ambulatório de Saúde do Adolescente “Janela da Escuta”, servimo-nos dos desenvolvimentos lacanianos sobre a clínica nodal para propor a transferência como função de amarração entre os registros Real, Simbólico e Imaginário. Para essa psicótica, a transferência não se constituiu em direção ao S2 do sujeito-suposto-saber, mas antes a um S1, trabalhado em suas vertentes de Ideal do Eu, traço unário e letra. Essa montagem permitiu a formulação de um saber do lado do sujeito, e sua transmissão por um discurso. O resultado foi a introdução de uma mediação simbólica no campo da interpenetração entre Real e Imaginário, verificada pela produção de efeitos terapêuticos sobre fenômenos de desregulação do gozo no corpo. Por fim, caracterizamos o desejo do analista como operador ético que condiciona a psicanálise aplicada.</p> Mateus Mourão Silva Cristiane de Freitas Cunhas Grillo Copyright (c) 2024 Tempo Psicanalítico 2024-01-17 2024-01-17 56 49 71 Psicanálise: lugar de fala e lugar de escuta https://tempopsicanalitico.com.br/tempopsicanalitico/article/view/667 <p>Este artigo propõe-se a trabalhar a ideia de “lugar de fala” e suas potenciais aplicações ao campo psicanalítico, derivando, a partir dele, o conceito de “lugar de escuta”. Para tanto, iniciamos com um percorrido pelo conceito de lugar de fala proposto por Djamila Ribeiro. A seguir, buscamos dialogar tal formulação aos aportes teóricos de Lélia Gonzalez e Jacques Lacan, tomando os esquemas quadrípodes como guia de reflexão. Por fim, elabora-se a conceituação de lugar de fala e lugar de escuta em psicanálise, com a compreensão de que o lugar de fala convoca o analista a examinar sua própria localização social, além de toda a cadeia de representatividade que carrega consigo, com histórias e vivências que se conectam e reverberam em sua prática. Como desdobramento do conceito de lugar de fala elaboramos que a noção lugar de escuta psicanalítico envolve a promoção do desejo de narratividade. Conclui-se que lugar de fala e lugar de escuta em psicanálise são posições dialéticas, relacionadas e intercambiantes no processo de análise.</p> Luciane Rombaldi David Gustavo Caetano de Mattos Mano Roberto Henrique Amorim de Medeiros Copyright (c) 2024 Tempo Psicanalítico 2024-01-17 2024-01-17 56 72 92 Narrando dores: testemunho, luto e memória https://tempopsicanalitico.com.br/tempopsicanalitico/article/view/821 <p>O presente artigo faz parte de uma pesquisa mais ampla de pós-doutoramento sobre corpo, luto, memória, trauma psíquico e modos de subjetivação, realizada pela autora. Aqui, buscamos interrogar as interseções entre as esferas pública e privada, a história e a memória, o pessoal e o coletivo, defendendo a necessidade de uma escrita do luto, aliada à potência política da imaginação, como tarefa primordial cultural e social. Pré-condição para elaboração do passado e, sobretudo, para a construção de nosso presente. Por meio da escolha de um corpus, inicialmente, amplo e heterogêneo, mas articulado por formas compartilhadas de violência de Estado, perda e desaparecimento, procuramos mapear distintas formações discursivas que problematizem nosso hipertrofiado espaço biográfico e atrofiado campo político. No contexto de uma virada testemunhal de uma sociedade, simultaneamente, marcada pela catástrofe e mediada pela imagem, talvez seja preciso, como tarefa política urgente, narrar o trauma e escrever o luto para, desse modo, desprivatizar a dor. Neste sentido, para refletir sobre a dimensão política da dor, nos pareceu oportuno utilizar a desconstrução do conceito tradicional de arquivo feita pelo filósofo Jacques Derrida.</p> Joana Vilhena Novaes Joel Birman Copyright (c) 2024 2024-02-22 2024-02-22 56 93 110 Uma avó, duas mães e duas filhas: Sintoma e transmissão psíquica https://tempopsicanalitico.com.br/tempopsicanalitico/article/view/687 <p>Compreendendo que a psicanálise só se construiu e pôde avançar a partir da prática clínica, construiu-se este artigo, fruto de um atendimento de uma menina de dez anos que trouxe questões relativas ao campo da psicanálise com crianças, as quais foram abordadas ainda através de uma revisão bibliográfica. Visamos centralmente elucidar a articulação do sintoma infantil com as relações familiares da criança, principalmente no que concerne ao processo de transmissão psíquica geracional. Além disso, demonstra-se que numa análise, via transferência, a criança pode falar de seu sintoma e elaborar as cargas psíquicas transmitidas transgeracionalmente, subvertendo os sentidos herdados e buscando suas próprias significações dentro da cadeia herdada.</p> Rebeca Espinosa Cruz Amaral Copyright (c) 2024 Tempo Psicanalítico 2024-02-22 2024-02-22 56 111 136 Mecanismos de defesa em pais de bebês com diagnóstico de deficiência física https://tempopsicanalitico.com.br/tempopsicanalitico/article/view/673 Condições físicas visivelmente atípicas despertam insegurança, inquietação e terror levando as pessoas a comportamentos peculiares. Historicamente se observam reações à deficiência física que apontam para o uso de mecanismos de defesa frente à fragilidade da ordem que o quadro desvela. Ainda que alguns já tenham sido mapeados pela literatura, pouco foi descrito acerca das defesas no contexto da relação pais-bebê. Este artigo tem como objetivo analisar o relato da parentalidade de bebês com deficiência física após seu diagnóstico. Trata-se de um estudo exploratório em que participaram 20 díades compostas por cuidador principal e bebê, sendo 10 díades cujos filhos apresentavam deficiência física (grupo caso) e 10 díades sem deficiência (grupo controle) pareadas por critérios sociodemográficos e por faixa etária. Utilizando a Entrevista Semiestruturada, analisada por meio da Análise de Conteúdo, foram observadas particularidades no grupo caso e indícios dos mecanismos formação reativa, anulação e isolamento, não detectados pelos autores clássicos. Conclui-se que as reações à deficiência implicam em processos de descatexia que não incidem apenas sobre os objetos, mas também às suas conexões, o que pode afetar o vínculo cuidador-bebê o exercício das funções parentais. Diego Rodrigues Silva Natália Alves Calejuri Maria Cristina Machado Kupfer Rogério Lerner Copyright (c) 2024 Tempo Psicanalítico 2024-02-22 2024-02-22 56 137 161